A luxação do ombro, ou luxação glenoumeral, é a perda da relação articular entre o úmero e a escápula. Trata-se do tipo de luxação mais comum, respondendo por cerca de 45% dos casos, sendo mais frequente na faixa etária entre 20 a 30 anos, com predomínio no sexo masculino. A principal causa de luxação do ombro, de acordo com o ortopedista especialista em cirurgia de ombro e cotovelo Arthur Beber, da clínica Ortotrauma, é o trauma ocasionado, por exemplo, por acidente automobilístico, durante esportes de contato e queda sobre o ombro.
“A luxação anterior traumática é a mais comum, estando presente em 85% dos casos, geralmente associada a práticas esportivas, seguida pela luxação posterior em cerca de 2 a 4% dos casos, luxação inferior em 0,5% e raríssimos casos de luxação superior. Dentre os fatores relacionados à recorrência, a idade em que a luxação primária ocorre é o principal, sendo superior a 90% em pacientes abaixo dos 20 anos de idade”, relata doutor Arthur.
O ortopedista explica que uma anamnese e exame físico detalhado são
importantes para definir o mecanismo de trauma causador da lesão, posição do
braço, quantidade e o ponto de aplicação da força. “Lesões com o braço em
extensão, abdução e rotação externa favorecem a luxação anterior, sendo
comumente uma luxação anterior subcoracóide. As luxações posteriores estão mais
associadas a uma história de trauma devido a choque elétrico, convulsões ou
queda com o braço em flexão e adução, geralmente com uma luxação posterior
sub-acromial”, afirma.
Conforme explana o médico, o estudo radiológico do ombro é de grande auxílio no
diagnóstico demonstrando a direção do deslocamento articular, fraturas
associadas e possíveis barreiras que impeçam a redução. “A Tomografia
Computadorizada tem valor diagnóstico de fraturas associadas, já a RNM tem
valor inestimável na identificação de lesões ligamentares e dos tendões”,
diz.
O especialista salienta, ainda, que luxações agudas do ombro devem ser
reduzidas o mais precocemente possível, preferencialmente depois de realizada a
avaliação radiológica para descartar outras lesões associadas, minimizando o
tempo de compressão neurovascular e o dano progressivo à cabeça umeral. “O
tratamento pós-redução é focado em otimizar a estabilização do ombro, sendo
importante a proteção e reabilitação muscular”, explana.
Quando operar?
Segundo doutor Arthur, o tratamento cirúrgico está indicado nos casos de luxações irredutíveis pelos meios fechados, fraturas deslocadas da tuberosidade maior do úmero, fraturas de Bankart que criam instabilidade glenoumeral com grande acometimento da articulação, bem como pacientes jovens devido à alta probabilidade de recorrência. “As diversas técnicas cirúrgicas podem ser por via aberta ou, preferencialmente, artroscópicas”, informa.