Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que 65 milhões de pessoas já foram diagnosticadas com glaucoma em todo o mundo – dessas, 900 mil são brasileiras. A cada ano são registrados 2,4 milhões de novos casos no mundo. Nessa matéria, você irá conferir as 10 perguntas mais comuns no consultório médico sobre a doença, bem como as respostas do oftalmologista Fernando Lemgruber, especialista na área pela USP.
- O que é glaucoma?
Dr. Fernando: O glaucoma é uma doença ocular capaz de causar cegueira se não for tratada a tempo, pois 80% dos glaucomas não apresentam sintomas no início. Quando uma imagem é captada pelos olhos, ela é levada pelo nervo óptico até o cérebro, onde será processada e interpretada. O glaucoma danifica exatamente esta parte importante do sistema visual: o nervo óptico. É uma doença crônica que não tem cura, mas, na maioria dos casos pode ser controlada com tratamento adequado e contínuo. Quanto mais precoce for o diagnóstico, maiores serão as chances de evitar a perda da visão.
- Como faço para saber se tenho glaucoma?
Dr. Fernando: Consulte seu oftalmologista regularmente. Os três exames principais para diagnóstico e acompanhamento do Glaucoma são: Avaliação da pressão Intraocular (tonometria), Exame do fundo de olho e Campimetria (campo visual).
- Todas as pessoas podem ter glaucoma?
Dr. Fernando: Sim, mas é mais comum em negros, parentes de portadores de glaucoma de primeiro grau, idosos, portadores de alta miopia, usuários crônicos de colírios com corticoides, traumas oculares prévios e pressão intraocular elevada (principal fator de risco). Recomenda-se que os exames periódicos para identificar o Glaucoma sejam feitos anualmente a partir dos 40 anos de idade, principalmente para os grupos de risco.
- Glaucoma tem cura?
Dr. Fernando: O glaucoma não tem cura, mas tem controle. Por isso a importância do rígido cumprimento do tratamento. O Glaucoma mais frequentemente provoca uma perda progressiva do campo visual periférico, poupando a região central. Como essas limitações são irreversíveis, existe a necessidade de se buscar o diagnóstico o mais breve possível.
- Qual é o tratamento ideal para o glaucoma?
Dr. Fernando: O tratamento visa reduzir a pressão intraocular para que as fibras nervosas remanescentes consigam manter sua função controlando a progressão da doença e prevenindo a cegueira. O mesmo pode ser realizado através de colírios, laser ou cirurgia. O oftalmologista que deve avaliar e definir qual o melhor método para cada paciente.
- Qual o intervalo ideal entre consultas para o controle do glaucoma?
Dr. Fernando: O acompanhamento deve ser o mais individualizado possível e depende do paciente, da agressividade da doença e da fidelidade do paciente ao tratamento, entre diversos outros fatores.
- O Glaucoma é uma doença hereditária? Existe tendência familiar de se adquirir o Glaucoma?
Dr. Fernando: Sim. Na forma mais comum (Glaucoma Primário de ângulo Aberto), os pacientes com histórico familiar positivo na família apresentam risco pelo menos 6 vezes maior de desenvolver a doença ao longo da vida. Por isso os familiares devem passar por avaliação para diagnóstico precoce.
- A pressão intraocular tem relação com a pressão arterial?
Dr. Fernando: São duas pressões distintas. A pressão arterial é a existente dentro dos vasos sanguíneos e a pressão intraocular é a existente dentro do olho.
9. Existe um tempo determinado para a pessoa portadora de glaucoma perder a visão?
Dr. Fernando: A obediência ao tratamento proposto pelo oftalmologista é importante, pois o glaucoma tem controle. Seguramente os pacientes que não fazem o tratamento adequado evoluem para a cegueira. O tempo entre o surgimento da doença e a perda da visão será influenciado pelos níveis de pressão intraocular, reserva funcional neural e estruturas específicas como a espessura da córnea e da lâmina cribiforme.
Foto por Jonathan Lessa