Com a volta às aulas, uma das preocupações dos pais é a escolha dos calçados escolares. De acordo com o ortopedista Luciano Brasil, especialista em cirurgia de pé e tornozelo na clínica Ortotrauma, a melhor opção varia conforme a idade da criança e nível escolar.
“Antes de um ano, época em que a criança começa a arriscar os primeiros passos, o sapato só serve mesmo para esquentar e proteger. Os pés têm muita cartilagem e são extremamente sensíveis, por isso, sapatos muito rígidos podem comprimir ou causar desconforto”, expõe o especialista. “Opte por modelos leves parecidos com meias”, indica.
Conforme a criança vai crescendo, a preocupação deve se voltar ao material e solado. “A sola do sapato deve ser resistente e flexível para acompanhar os movimentos dos pés. Deve-se evitar modelos com borracha grossa ou muito finos que quase não oferecem amortecimento entre o pé e o chão”, orienta doutor Luciano.
Como os pés são a base de sustentação do corpo, uma sola ruim a longo prazo pode causar sobrecarga para joelhos e coluna. Crianças que praticam alguma atividade física precisam de sola com amortecedor de impacto. Outro ponto é a existência de ranhuras. “Quanto mais, melhor, pois facilitam o atrito com o chão e evitam quedas e escorregões”, frisa o ortopedista.
Uma dica importante do médico é deixar os modelos de couro, plástico e verniz para as ocasiões especiais. “No dia-a-dia, o ideal são os tipos feitos de camurça, tecido, nylon ou lona. Além de mais flexíveis, são mais fáceis de limpar”, explana. “Outra dica é comprar um número maior, desde que ele não saia dos pés na hora de andar. Além de durar por mais tempo, fica mais leve”, diz.
Quando a criança começa a praticar atividades físicas, ela precisa estar com o calcanhar resistente. “A maioria dos calçados tem um reforço atrás do calcanhar chamado contraforte. O ideal é que essa seja a parte mais reforçada da peça para ajudar a estabilizar os pés, evitando que eles virem para dentro ou fora”, salienta doutor Luciano.
Reuso X modismos
Para quem tem mais de um filho, o ortopedista recomenda evitar reaproveitar nos mais novos os sapatos dos filhos mais velhos. “Cada pessoa tem um tipo de pisada e, com o uso, ela imprime sua forma no sapato. Herdar uma peça marcada por outra pisada pode gerar desconforto, bolhas e unha encravada”, diz.
Finalmente, cuidado com modismos. “Vale o cuidado de não comprar o sapato só pela beleza. Uma escolha errada pode afetar a mecânica dos pés e gerar dores, lesões ou até mesmo encurtamento de tendões. Guarde os modelos mais estilosos para ocasiões como passeios e festas. E não se esqueça: salto, em hipótese alguma!”, enfatiza doutor Luciano.