17 de novembro foi a data escolhida para chamar a atenção para a prematuridade, que atinge 15 milhões de crianças todos os anos ao redor do mundo, sendo o Brasil o 100 país no ranking. Segundo a cardiologista pediátrica Andressa Mussi, os recém-nascidos prematuros têm incidência mais elevada de manter uma estrutura denominada canal arterial patente após o nascimento. “O canal arterial é um vaso imprescindível em vida fetal, pois através dele o sangue consegue chegar na placenta, que é o orgão responsável pela troca gasosa em vida intrauterina, já que os bebês não respiram no útero materno”, explica.
Conforme elucida doutora Andressa, quando o bebê nasce prematuramente a chance de manter esse canal arterial aberto aumenta exponencialmente, só que após o nascimento este pode ser deletério para o recém-nascido, pois pode levar a um aumento de sangue para dentro dos pulmões. Algumas vezes, torna-se necessário o tratamento medicamentoso para a sua oclusão, e até mesmo cirurgia para clipagem deste canal arterial.
A especialista ressalta que todo recém-nascido prematuro tem maior risco de problemas relacionados com a imaturidade dos órgãos em geral – cérebro, olhos, coração, pulmões, intestino e o sistema imunológico. Por isso, necessitam de mais cuidados intensivos quanto menor for sua idade gestacional.
“Todos os recém-nascidos abaixo de 37 semanas são considerados prematuros; os abaixo de 28 semanas são considerados prematuros extremos”, ressalta a cardiopediatra. “Quanto menor a idade gestacional, mais riscos de imaturidade dos órgãos e de complicações como Síndrome do Desconforto Respiratório, hemorragia intracraniana, persistência de canal arterial, retinopatia da prematuridade”, completa.
A boa notícia é que a neonatalogia tem evoluído muito e conseguido cuidar destes prematuros com maior êxito e resultados, porém, de acordo com a médica, esses bebês necessitam de grande infraestrutura hospitalar e equipe multidisciplinar muito especializada.
Método canguru
“No HECI somos adeptos ao método canguru, que consiste no contato pele a pele do bebê com sua mãe, pai ou responsável. O método é iniciado ainda dentro da UTI neonatal, assim que o prematuro apresenta condições clínicas e se prolonga para a Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal (Ucinco), e depois para a residência do bebê após a alta”, relata doutora Andressa.
A especialista acrescenta que os bebês prematuros necessitam de acompanhamento pediátrico ambulatorial seriado, que consiste na terceira etapa do método canguru e é realizado no ambulatório de puericultura que o HECI oferece para todos os prematuros que nascem na instituição.
“Cerca de 800 prematuros nascem no HECI, anualmente, e destes, cerca de 500 precisam de cuidados da UTIN. Isto faz com que a expertise da equipe médica e multidisciplinar aumente cada vez mais no manejo destes pacientes e na melhoria exponencial destes bebês, conseguindo devolvê-los para suas famílias, graças a um trabalho árduo e comprometido das equipes em todas as suas esferas técnicas e administrativas, e sobretudo guiado pelas mãos de Deus”, finaliza doutora Andressa.
Foto por Erika Medeiros