Desenvolvido pelo físico americano Theodore H. Maiman em 1960 com cristal de rubi, o laser – que significa ampliação de luz por meio da emissão estimulada de radiações – apresenta uma conotação de tecnologia avançada e futurística.
A oftalmologia destaca-se por ter sido a primeira especialidade na medicina a utilizar o laser com objetivo terapêutico, bem como pelo seu acelerado e constante desenvolvimento.
O oftalmologista Fernando Lemgruber explica que existem diversos tipos de laser como argônio, criptônio, dióxido de carbono, neodímio-YAG e excimer, que foram desenvolvidos para diversas aplicações na oftalmologia. As características e as formas de interação laser-tecido determinam a absorção da energia, que é diferente entre cada tecido do organismo”, revela.
Desde sua primeira aplicação prática na área oftalmológica, nos anos 80, o laser passou a ser amplamente utilizado para realização de abertura na cápsula posterior (capsulotomia), chamada vulgarmente como “limpeza da lente da catarata”. Também é usado na íris (iridotomia), para a prevenção de glaucoma agudo de ângulo fechado. Já o laser de argônio é amplamente utilizado para o tratamento de doenças retinianas, como rupturas ou retinopatia diabética.
A primeira observação da interação de um laser de femtossegundo com a córnea, conforme relata o especialista, foi feita por Ronald Kurtz após um evento adverso: Em 1992 ele observou um corte limpo e perfeitamente bem delineado na córnea de um cientista que havia tido uma lesão acidental com um laser que estava sendo estudado para indústria automobilística.
“Após, Kurtz iniciou estudos Universidade de Michigan, que resultaram no ano de 2000 na criação do primeiro laser de femtossegundo a ser aprovado pela agência reguladora dos Estados Unidos (Food and Drug Adminsitration – FDA) e permitiu a realização da cirurgia de LASIK (cirurgia refrativa para a ‘retirada do grau de óculos’) em 2000”, conta o médico.
Desde então, observou-se uma importante evolução nos lasers de femtossegundo no controle da energia e na capacidade de programar cortes de forma mais versátil na córnea, aumentando a aplicabilidade nas cirurgias. “Destacam-se a tunelização para implantes de segmentos de anel estromal (cirurgia para tratamento do ceratocone), biopsia de córnea, ceratotomia incisional para astigmatismo, ceratoplastia lamelar e penetrante”, elucida doutor Fernando.
Cirurgia a laser?
Na cirurgia de catarata, apesar de pensarem que a mesma é feita por laser, utiliza-se outra técnica. É feito o uso da chamada facoemulsificação, que nada mais é do que o uso de ondas de choque que fragmentam a catarata em pequenos pedaços, que são aspirados. O uso do laser de femtossegundo na cirurgia é feito em etapas anteriores a fim de diminuir riscos e se ter maior reprodutibilidade da técnica cirúrgica. Todavia, não é fundamental o uso do mesmo para uma cirurgia de catarata bem realizada se em mãos de cirurgiões experientes e capacitados. Não se deve confundir a ausência de necessidade de uso de suturas (pontos) com a palavra laser – esclarece doutor Fernando.