Estudantes dedicadas, profissionais capazes,
mães, esposas, donas de casas. Hoje, graças às lutas promovidas, as mulheres
vêm conseguindo conquistar seu lugar na sociedade, abrindo um grande leque de
possibilidades em suas vidas. Muitas vezes, vivenciando uma dupla jornada e
multi-responsabilidades. E para dar conta de tudo isso, estar com a saúde em
dia é fundamental.
Conforme orienta a ginecologista e obstetra Rachel Dias Carneiro, a primeira
ida ao ginecologista, de uma forma geral, deve acontecer a partir da primeira
menstruação. Após o início da vida sexual, consultar um especialista para
tirar dúvidas e escolher um método anticoncepcional é fundamental. “Antecedente
pessoal, sexual ou história reprodutiva da paciente, bem como suas
preferências, são fatores importantes nessa escolha”, explica.
Nesse período, também, entra em cena o exame colpocitológico ou preventivo. Trata-se de um exame que deve ser feito anualmente, em prevenção ao câncer de colo de útero. “O exame físico deve ser completo e incluir sempre o exame das mamas, pois nesta idade só serão solicitados exames complementares (ultrassom de mamas e mamografia) caso haja alguma alteração no exame físico”, esclarece a especialista.
Uma fase da vida de muitas mulheres que merece atenção especial é a gestação. De acordo com a médica, a assistência pré-natal é de suma importância para a saúde do bebê e da mãe. “Consiste em prevenir, identificar e corrigir qualquer anormalidade materna ou fetal que afete a gravidez, além de promover orientações e suporte psicológico aos pais, para que os mesmos possam superar os desafios de criar uma família”, argumenta.
Entre os 45 e 55 anos, o corpo da mulher começa a se preparar para a menopausa. A última menstruação é uma fase que traz uma série de mudanças e adaptações ao corpo da mulher. “Algumas mulheres podem sentir alterações no organismo, que causam diversos sintomas como ondas de calor, tonturas, palpitações, suores noturnos, distúrbios do sono, depressão, irritabilidade, irregularidade menstrual, diminuição da libido, entre tantos outros”, expõe doutora Rachel.
Conforme salienta a especialista, é fundamental que a mulher tenha o acompanhamento de um ginecologista nessa fase para aliviar o desconforto. Para ter qualidade de vida na menopausa, algumas dicas podem ajudar. “Pratique atividades físicas, principalmente exercícios aeróbicos e de fortalecimento da musculatura; converse com seu médico sobre o consumo diário de cálcio; exercite seu cérebro em jogos de raciocínio e palavras cruzadas. Isso ajuda a reduzir o risco de perda de memória durante a pós-menopausa”, recomenda.
Outra dica da ginecologista é ter bons hábitos de sono. Vale ressaltar que a falta de sono pode contribuir para a confusão mental e baixa libido. “A reposição hormonal é um assunto de extrema importância para discutir com o médico. Faça uma lista com ele com os prós e contras sobre a terapia de reposição hormonal. Ela não é recomendada para mulheres em situação de risco para câncer de mama, trombose ou doença cardíaca”, orienta.
Ainda segundo a médica, falta de desejo sexual, falta de excitação, ausência de orgasmo e dor no ato sexual são queixas comuns da mulher madura – e nem sempre elas têm coragem de desabafar. “A consulta com o ginecologista vai discutir aspectos físicos e emocionais. Terapias hormonais podem auxiliar para o aumento da libido. Mas apenas um médico, após avaliação e até exames laboratoriais, é quem pode indicar. Antidepressivos, fitoterápicos e cremes vaginais também podem ser indicados”, revela.
Gerando vidas Saudáveis
A gestação é uma janela de oportunidades para as ações de promoção de saúde, pois as mulheres estão muito próximas aos serviços e profissionais de saúde. Além disso, estão sensibilizadas e dispostas a colocar as orientações em prática. Os profissionais de saúde, por sua vez, precisam aproveitar essa oportunidade e trabalhar das mais diversas formas para que esse momento seja um ponto de partida para a aquisição de hábitos de vida saudáveis durante a gestação e que idealmente se perpetuem após o parto.
“Fisiologicamente, a gravidez e o aumento do peso estão interligados em um padrão complexo, que inclui vários fatores associados ao estilo de vida como o comportamento alimentar, atividade física, cessação do tabagismo e controle do estresse. Esses fatores podem ser abordados durante a gestação para que melhores resultados maternos, neonatais e em longo prazo para a vida da mulher sejam obtidos”, aponta doutora Rachel.
Isso torna-se relevante ao considerarmos que a obesidade é um dos principais problemas de Saúde Pública da atualidade. No Brasil, a prevalência de sobrepeso e obesidade entre adultos era 52,5% e 58,4% no ano de 2013, entre homens e mulheres respectivamente. Além disso, a ocorrência de sobrepeso e obesidade é maior entre indivíduos jovens, crianças e mulheres em idade reprodutiva.
A ginecologista ressalta que a obesidade materna e o ganho de peso excessivo na gestação estão associados ao aumento de complicações antenatais, intraparto, pós-parto e complicações neonatais. “Uma revisão sistemática recente reforça a importância de mudanças no estilo de vida e de como exercícios e dieta interferem na adequação do ganho de peso gestacional e redução do diabetes gestacional, hipertensão e parto por cesariana”, aponta.
A crescente tendência do início precoce da puberdade, conforme relata a especialista, se associa a fatores genéticos e não genéticos (ambientais, estado nutricional, sedentarismo e condições socioeconômicas). Meninas que apresentam menarca precoce são propensas a desenvolver sobrepeso na vida adulta, e ainda, gestação precoce.
“O ganho de peso excessivo na gestação traz o risco da retenção de peso pós-gestacional, que por sua vez aumenta o risco para desenvolvimento de comorbidades tanto em gestações futuras como no decorrer da vida da mulher”, expõe doutora Rachel.
Ainda que a obesidade seja determinada pelos aspectos biológicos, sua associação a fatores psicológicos é relevante para o manejo clínico de indivíduos obesos. Dessa forma, o apoio psicológico é uma ação importante nos cuidados com mulheres com ganho de peso excessivo ou obesidade, ajudando a prevenir a obesidade materna em longo prazo.
Ainda segundo a médica, um estudo sobre gravidez e o ganho de peso indicou que a retenção de peso pós-parto foi mais afetada por mudanças de estilo de vida durante e após a gravidez do que por fatores pré-gestacionais. Ou seja, a intervenção comportamental durante a gravidez pode reduzir a retenção de peso pós-parto e melhorar a alimentação e autocuidado.
“Existem lacunas na literatura sobre o assunto e apesar do conhecimento, pouco se modificam os hábitos de vida e, consequentemente, os resultados relacionados. A elaboração de medidas ampliadas no acompanhamento das mulheres durante a gestação e puerpério pode ser uma oportunidade de proporcionar o desenvolvimento de um estilo de vida saudável que pode, em longo prazo, se associar à melhor condição de saúde da população feminina”, completa a ginecologista.
Doutora Rachel Dias Carneiro atende no CEU da Unimed, em Cachoeiro. Telefone de contato: (28) 99985-4045. Em Itapemirim, seu consultório está localizado na AV. Cristiano Dias Lopes filho, s/n – Centro Médico, com telefone (28)3529-6300. Seu e-mail profissional é rachel@radscan.com.br