Um estudos feito aproximadamente com 2.055 jovens pela Universidade de Waterloo, no Canadá, mostrou que uma bebida que parece inofensiva pode fazer muito mal ao coração. 55,4% dos entrevistados relataram ter experimentado alguma reação adversa após consumir um energético. Entre os que manifestaram sintomas desagradáveis, 24,7% reportaram batimentos cardíacos acelerados e descompensados – quadro conhecido como arritmia.
Para o cardiologista Carlos Eduardo Prado, o perigo dos energéticos, assim como tudo na vida, está relacionado à dose ingerida. “Alguns energéticos podem conter até 35 miligramas de cafeína a cada 100 mililitros da bebida. Alguns artigos avaliaram que doses de um a três miligramas por quilo corporal já causariam mudanças no organismo como alteração do sono, aumento da respiração e da frequência cardíaca”, relata.
Doutor Carlos explica que, em baixas doses, os energéticos podem inibir o sono, aliviar a fadiga, aumentar a respiração, a frequência cardíaca e o metabolismo; o que faz com que usuários de academia procurem esses produtos para melhorar rendimento e disposição. “Em doses mais elevadas, porém, e principalmente em pessoas mais suscetíveis, podem levar ao nervosismo, insônia, tremores, desidratação, arritmias, dentre outros”, alerta.
O perigo é ainda maior quando o álcool entra em cena. Conforme explana o especialista, tal combinação pode aumentar os efeitos deletérios ao coração, já que o álcool pode desencadear uma intoxicação do músculo cardíaco, deixando-o mais predisposto a arritmias fatais com o uso dos energéticos. “Isso sem falar da combinação com drogas ilícitas que, infelizmente, tem se tornado muito comum entre os jovens nas suas saídas noturnas”, diz.
Segundo o cardiologista, são necessários maiores estudos sobre os energéticos para se definir melhor seus riscos e benefícios. “Entretanto, de acordo com o que temos de evidência atualmente, devemos tomar cuidado com seu uso, não só pela cafeína, mas também pelo ginseng, guaraná e outros acrescidos em alguns energéticos, potencializando os efeitos dos mesmos”, orienta. Portanto, moderação é a palavra-chave.
Atenção aos sinais
- Na presença de sudorese, palpitações, tonturas, dor no peito, desmaios, tremores e/ou agitação psicomotora, o uso do energético deve ser interrompido e o usuário deve procurar auxílio médico para avaliação.
- Pessoas que já possuem doenças cardíacas tais como doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca, arritmias, cardiomiopatia hipertrófica e até mesmo a hipertensão arterial, não devem fazer uso dos energéticos sob risco de piora da doença e risco de morte.
Foto: Jonathan Lessa