O câncer colorretal representa a terceira causa de morte por câncer no Brasil e na maior parte do mundo. É uma das neoplasias que tem a sua história natural mais bem descrita, a sequência adenoma-carcinoma. Vale ressaltar que a identificação e ressecção dos adenomas podem evitar o surgimento de um carcinoma (câncer propriamente dito), bem como identificar um câncer em fase precoce.
“Considerando este conhecimento e a existência de estudos randomizados que comprovaram ser a colonoscopia endoscópica capaz de reduzir a incidência e a mortalidade por câncer colorretal em 20 a 30%, vários países adotam esta estratégia de rastreamento em programas bem organizados e estruturados, como nos Estados Unidos da América (EUA)”, relata o cancerologista José Zago Pulido, do IOSC.
Segundo o especialista, não existem programas de rastreamento de câncer colorretal como política pública de saúde no Brasil. “Acredito que a falta de uma política pública com este objetivo acarreta maior incidência de casos novos, uma vez que não detectamos pólipos (adenomas) com potencial de se transformar em um câncer invasor e que, se forem ressecados pela endoscopia no estágio de adenoma, não se tornarão carcinomas”, explana.
O médico destaca o diagnóstico de casos mais avançados, bem como o aumento da mortalidade global por câncer colorretal pela falta de rastreamento. Isso porque só se realiza colonoscopia quando paciente tem sintomas e, muitas vezes, os sintomas só ocorrem em fases avançadas da doença.
“Como médico oncologista, acredito ter a responsabilidade de divulgar informações como essa e cobrar dos gestores (da medicina pública e privada) a implementação de programas visando prevenção e diagnóstico precoce do câncer colorretal”, expõe doutor Pulido.
Siga as recomendações
Abaixo, o cancerologista destaca as recomendações para a população em geral, visto que populações específicas com síndromes hereditárias e aumento de risco devem ter recomendações específicas. Confira:
1 – Iniciar com Colonoscopia, sigmoidoscopia ou pesquisa de sangue oculto nas fezes a partir dos 45 anos de idade até os 75 anos (Nível 1 de evidência). Acima dos 75 anos, deve ser levada em consideração a expectativa de vida > 10 anos e individualizar o caso;
2 – A colonoscopia, se normal (sem pólipos ou câncer), deve ser repetida a cada 10 anos;
3 – A sigmoidoscopia (associada à pesquisa de sangue oculto nas fezes), se normal, deve ser repetida a cada cinco anos;
4 – Pesquisa de Sangue oculto nas fezes – se normal, repeti-la anualmente. Se alterada (positivo), deve-se realizar colonoscopia.