A dor do crescimento é uma queixa comum no consultório pediátrico e ortopédico, acometendo cerca de 15% das crianças entre dois a 12 anos. Afeta, em grande parte dos casos, as meninas, não existindo relação com nenhuma fase do crescimento físico da criança. Trata-se de uma condição benigna, de evolução crônica e de curso autolimitado.
O ortopedista Saulo Blunck, do Instituto do Joelho, relata que são dores intermitentes que atingem os membros inferiores. Têm características noturnas, aparecem no fim da tarde e no início da noite. Algumas crianças podem acordar durante a madrugada com choros de dor e, ao amanhecer, se apresentar sem dor.
De acordo com o especialista, a causa da dor do crescimento ainda é desconhecida ou controversa e o diagnóstico é realizado por exclusão, com exame clínico. “Algumas etiologias são aceitas como responsáveis, como fadiga (por hiperatividade), fatores anatômicos – como pés planos e geno valgo), ou até mesmo fatores psicogênicos”, diz.
Doutor Saulo relata que a dor do crescimento acomete, principalmente, a região anterior das coxas, região anterior das pernas (canela), panturrilhas e região posterior dos joelhos. “Geralmente, 80% dos casos são de comprometimento bilateral (lado esquerdo e direito) poupando as articulações, ou ‘juntas’. O exame físico da criança é normal. Ela caminha normalmente, a coluna e as extremidades não apresentam deformidade nem restrições de movimentos”, aponta.
Além disso, conforme ressalta o médico, não existe fraqueza muscular nem alteração dos reflexos. Na dúvida diagnóstica, exames complementares devem auxiliar, por exemplo, hemograma, VHS, PCR, raios-X, ressonância nuclear magnética e cintilografia. “O grau de ansiedade dos pais e da criança será reduzido quando entenderem que a dor do crescimento é benigna, autolimitada e desaparece no final da infância”, enfatiza. Durante as crises, de acordo com o ortopedista, mais de 95% das crianças sentem-se aliviadas com massagem, calor local e uso de analgésicos como, por exemplo, o acetaminofeno. “O tratamento deve ser realizado, pois a incidência de dor crônica é de 15% com maior incidência na faixa etária de 12 anos e seu não tratamento pode levar a dor crônica no adulto, podendo implicar prejuízo na qualidade de vida futura da criança”, argumenta.