Atitude agressiva, seja ela física ou verbal, buscando intimidar ou agredir o outro. Estamos falando do bullying, comportamento que pode ser apresentado por um indivíduo ou grupo, e que é considerado um problema social grave. Segundo o psiquiatra Thiago Tahan, o bullying pode ser dividido em quatro categorias: físico, verbal, relacional (atos que danificam o relacionamento entre pares) e sexual. Há ainda o cyberbullying, no qual as agressões são feitas por meio de computadores e celulares.
No Brasil, 17,5% dos alunos na faixa dos 15 anos são alvos de bullying. Esse dado foi divulgado pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) em 2017. “Estima-se que a incidência seja maior, pois essas agressões costumam ser negligenciadas ou omitidas pela escola e não percebida pelos pais”, relata o especialista.
De acordo com o médico, essas ações (agressões), em geral, são dirigidas a indivíduos que apresentam alguma característica física, comportamental ou social fora do padrão do grupo ou do indivíduo agressor. “É muito comum que ocorram com crianças obesas, ou mais retraídos e tímidos, ou que tenham alguma característica que chame atenção”, diz.
Os agressores, normalmente, possuem características como mau rendimento escolar, não respeitam regras e são manipuladores, dissimulados e vitimizados (quando os convém). Quanto a família, costuma ser desestruturada e ausente da escola. Esses agressores podem ter transtornos mentais associados que estimulem tais comportamentos, como Transtorno de conduta, Transtorno opositor, transtornos hipercinéticos e/ou dependência química.
Falando sobre as consequências do bullying, o especialista explica que podem ocorrer problemas sentimentais, medo, solidão e rebaixamento da autoestima; sintomas psicosso- máticos, como dores de cabeça, dores de estômago, enurese, tonturas, problemas de sono e dores musculares. Além de dificuldades no relacionamento interpessoal e desejos de não ir ao ambiente no qual seja vítima das agressões.
Uma pesquisa realizada em 2017 concluiu que o bullying sofrido na adolescência pode gerar alterações biológicas no cérebro das vítimas. “Há maior risco desses jovens desenvolverem transtornos como ansiedade na vida adulta. Além da ansiedade, evidencia-se também a depressão, espectro suicida e até mesmo o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT)”, revela o médico.
Doutor Thiago explica que a melhor forma de ajudar é promovendo um amplo diálogo nas escolas e entre familiares. Além disso, um amplo apoio psicológico (tanto à vítima como ao agressor) é fundamental para evitar ou minimizar consequências futuras. Permanecendo comportamentos já descritos tanto nas vítimas como nos agressores, faz-se necessário tratamento psiquiátrico para tratar situações específicas. “Além da capacitação dos professores, é preciso engajar os pais e responsáveis na vida escolar de seus filhos”, ressalta.
Atente-se aos sinais
- Os casos de bullying tendem a começar muito mais silenciosos e, por isso, são mais graves. Quem sofre a agressão não costuma contar nem na escola nem na família, mas começa a mudar o seu comportamento.
- Queda no rendimento escolar, faltas na escola e mudanças no comportamento (isolamento, choros e irritabilidade, por exemplo) são os sinais mais frequentes apresentados por quem sofre esse tipo de violência. Por isso, família e escola devem estar sempre atentos para os sinais que são apresentados pelos jovens.
- Os mesmos cuidados valem para situações enfrentadas fora da escola, seja no mundo virtual – como em casos de cyberbullying –, na vizinhança onde moram ou nos locais que costumam frequentar.