Atingindo cerca de 40% da população, o ronco é um problema social sério. É motivo de constrangimento para quem ronca e um grande desconforto para quem dorme ao lado. Reclamações durante à noite são comuns na vida do casal que sofre com esse incômodo, podendo até levá-los a dormir em quartos separados.
De acordo com doutor Vinicius Silva Martins, especialista em ortodontia, ortopedia facial dos maxilares e DTM o problema é causado pela vibração dos tecidos da garganta (parede posterior da faringe, dorso da língua, palato mole e úvula), em função da turbulência do ar à medida que as vias respiratórias aéreas se estreitam.
“Esse tipo de patologia é comum em pacientes respiradores bucais, que podem ser facilmente diagnosticados pelo dentista ao examinar a cavidade bucal e a postura corporal do paciente”, revela o professor titular no CEPEMOK (Centro de Pesquisa em Medicina Orofacial em Vila Velha). “Geralmente, esses pacientes apresentam atresias maxilomandibulares, mandíbula retruída (pessoa com aparência de pescoço curto), perda de dentes, bruxismo, encurtamento dos dentes, próteses antigas com dentes gastos e tamanho lingual aumentado”, relata.
Conforme elucida o especialista, esses são alguns dos fatores que contribuem para a redução do espaço interno da boca, diminuindo a fluxo de passagem de ar pela orofaringe. Ele salienta ainda que o ronco pode ser agravado pelo excesso de peso, mulheres na menopausa, tabagismo, sedentarismo, uso de remédios para dormir sem orientação médica, rinites e sinusites. “Normalmente, esses pacientes apresentam dificuldades mastigatórias, pois se sentem sufocados ao mastigar, sobrecarregando a digestão, podendo levar a distúrbios gástricos esofágicos (refluxo) e gastrite”, diz.
No que tange ao tratamento, doutor Vinicius explica que é multidisciplinar – envolvendo dentista, pneumologista, otorrino, fonoaudiólogo, fisioterapeuta e psicólogo. “Ao dentista, que deve ser especialista em ortodontia, ortopedia facial e DTM, cabe recuperar o espaço interno da boca melhorando a respiração nasal do paciente, através da expansão das arcadas dentárias (maxilar e mandibular), o que pode ser feito em qualquer idade, inclusive em pacientes endentados que usam próteses”, expõe.
Outras etapas – ressalta o odontólogo – podem ser a protusão mandibular em casos de mandíbulas curtas, o tratamento de bruxismo, impedindo o encurtamento dos dentes naturais e de próteses, além da substituição de próteses antigas e gastas por novas após a recuperação do tônus muscular. Em alguns casos, pode ser recomendada a intervenção cirúrgica.
Prevenindo o ronco
A forma de prevenção mais indicada é combater a obesidade, manter um estilo de vida saudável, exercícios físicos diariamente, evitar uso abusivo do álcool, mastigar bem os alimentos, manter os quartos arejados. Se os sintomas persistirem, procure os profissionais especialistas no assunto.
Foto: Jonathan Lessa