As doenças alérgicas representam um importante problema de saúde pública mundial. No Brasil, a asma acomete cerca de 15% dos adolescentes e crianças, e a rinite cerca de 20%. Além disso, há evidências de que a prevalência dessas doenças tem aumentado nos últimos anos. De acordo com a médica alergista e imunologista Carolina Pennaforte, as alergias têm causa multifatorial, dependem da interação entre fatores genéticos e ambientais.
Segundo doutora Carolina, estudos têm permitido identificar parte desses fatores, o que possibilita a instituição de medidas preventivas. “A prevenção primária busca diminuir a possibilidade de sensibilização inicial e desenvolvimento de sintomas em indivíduos em risco”, esclarece.
Sabe-se que crianças que apresentam histórico familiar de alergia tem 50 a 80% de risco de desenvolver a doença. A modificação de fatores genéticos ainda não é possível. Assim, conforme salienta a especialista, atuar sobre o ambiente parece ser um dos passos mais importantes para tentar evitar ou retardar o início das manifestações alérgicas.
Uma vez que são expostos a um número maior de bactérias, bebês nascidos de parto normal possuem menor risco de desenvolverem doenças alérgicas. Outro fator preventivo importante está relacionado ao aleitamento materno exclusivo até os seis meses, uma vez que o leite da mãe é rico em anticorpos, protegendo o bebê de diversas doenças infecciosas respiratórias e gastrointestinais – revela a médica.
Para as gestantes e lactantes, a orientação de doutora Carolina é que consumam dietas normais, balanceadas e equilibradas sem restrições. No que diz respeito à exposição passiva à fumaça do tabaco (intrauterina ou não), a especialista relata haver um aumento de sensibilização alérgica em crianças. Assim, os familiares de crianças com risco de desenvolver doenças alérgicas devem ser orientados a evitar o tabagismo domiciliar.
A alergista e imunologista ressalta que quando ainda não sensibilizado, a exposição do bebê a alguns microorganismos, bem como o contato com outras pessoas, vivência ao ar livre, contato com animais de fazenda nos primeiros anos de vida – ou mesmo intrauterino – favorecem o amadurecimento do sistema imune, sendo um fator protetor para alergias.
Em contrapartida, o uso frequente de antibióticos nos primeiros anos de vida aumenta o risco de manifestações alérgicas. Ainda conforme elucida a especialista, o estilo de vida e a exposição precoce desde a concepção e o início da vida são determinantes para a prevenção das alergias. “É nesta janela de oportunidade que provavelmente irão se encontrar os novos paradigmas preventivos”, aponta.
Microorganismos benéficos
Probióticos são produtos que, por definição, contêm microorganismos vivos que ao serem ingeridos em determinadas quantidades podem gerar benefícios à saúde. Já existem evidências que determinados tipos de probióticos podem estimular diversas células do sistema imunológicos. Segundo doutora Carolina, a utilização de microrganismos probióticos é promissora, mas seu uso rotineiro dependerá dos resultados de novos estudos.
Foto: Ana Paula Grechi