Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade já assume características epidêmicas, atingindo mais de um bilhão de adultos no mundo. A nível mundial, a prevalência da obesidade mais do que duplicou entre 1980 e 2014. Trata-se do maior fator de risco associado a diversas doenças, como resistência à insulina e diabetes mellitus tipo 2 (DM2), hipertensão, dislipidemias e alguns tipos de câncer.
A obesidade está, ainda, relacionada ao desenvolvimento da osteoatrose (AO). A patologia degenerativa do joelho envolve um processo inflamatório, dor e deformidades da articulação e é responsável por uma grande piora na qualidade de vida. “Devido à sua alta prevalência em indivíduos obesos, é necessário identificar fatores de risco incidentes para a etiologia e progressão da doença, compreender como a mesma se manifesta na população, e assim contribuir com sua prevenção e tratamento”, relata o ortopedista Vinicios Barreto, do Instituto do Joelho.
Conforme esclarece o especialista, a relação entre a obesidade e o desenvolvimento da OA baseia-se na sobrecarga articular provocada pelo aumento do peso corporal. Associado a uma dieta rica em gordura, gera-se um processo inflamatório articular através da produção de enzimas como a leptina, que predispõem o surgimento da doença.
No que diz respeito ao tratamento, doutor Vinicios explica que é baseado no controle da dor, perda de peso e controle da progressão da artrose. “É muito importante um acompanhamento multidisciplinar com uma dieta balanceada, atividades físicas regulares sem impacto e avaliação com um cirurgião bariátrico”, orienta.
Segundo o médico, o grande erro na fase de perda de peso é a falta de orientação. Isso porque atividades físicas com impacto podem acarretar um agravamento intenso da articulação. “A perda de 10% do peso corporal já apresenta um grande alívio na dor”, aponta. “Além dos exercícios, os novos hábitos alimentares visam à modificação da composição da dieta, uma vez que os ácidos graxos saturados são os principais responsáveis pela inflamação de baixo grau. Ácidos graxos insaturados, principalmente ômega 3 e ômega 9 demonstraram, em animais, efeitos anti-inflamatórios”, argumenta.
“Em nossa prática clínica diária, examinamos um número cada vez maior de pacientes que tinham sobrepeso ou obesidade cujos joelhos, durante esse período, suportavam mais peso que o necessário induzindo a danos na cartilagem da articulação. Após serem submetidos a tratamentos para perda de peso (regime, cirurgia bariátrica) esses pacientes se sentem mais confortáveis e com indicação de prática de exercícios. Nesse momento, aquelas lesões adquiridas durante a obesidade começam a ter um efeito que atrapalha essas atividades e necessitam, muitas vezes, de tratamento ortopédico adequado”, conclui o ortopedista.